Primeiro, vamos desmistificar a ideia de que empresas familiares são caracterizadas por estruturas enxutas. Embora isso seja verdade em alguns casos, é possível vermos um negócio familiar tanto por trás de micro e pequenas empresas quanto multinacionais.
Em uma empresa familiar, conforme o nome sugere, quem detém a maior parte dos votos e decisões é a família controladora. Assim, a sucessão familiar é um processo natural nesse tipo de empresa, mas é algo que precisa de muita atenção. Isso porque em um negócio familiar, a sucessão pode causar intrigas e conflitos de interesses, o que pode resultar na empresa indo parar nas mãos de membros despreparados.
Falaremos sobre isso mais adiante, por ora analisaremos os pontos fortes e fracos de um negócio familiar.
-Vantagens de um negócio familiar
Comprometimento: a família tende a ser mais comprometida em ver seu negócio crescer e passar para as próximas gerações. Em uma empresa familiar também é comum vermos membros trabalharem mais e reinvestirem a maior parte de seus lucros pensando em um longo prazo. Além disso, é igualmente mais usual vermos membros da família, ainda jovens, inseridos no contexto da empresa, o que aumenta mais o compromisso com o negócio.
Transmissão do conhecimento: em empresas familiares uma das prioridades é que conhecimentos, habilidades e experiências acumuladas sejam transmitidas e ensinadas às próximas gerações.
Confiabilidade: empresas familiares têm seu nome e reputação associados aos seus produtos/serviços. Isso faz com que os membros se esforcem para aumentar os resultados e manter um bom relacionamento com seus parceiros (clientes, fornecedores, funcionários, comunidade etc.).
-Desvantagens de uma empresa familiar
Assim como em qualquer gestão, um negócio familiar está sujeito a não ser sustentável em um longo prazo por motivos como: falta de planejamento estratégico, acompanhamento e controle orçamentário inadequado, despesas projetadas de forma errada, má gestão do fluxo de caixa, falta de projeção de cenários e análise de concorrência, problemas político-econômicos, etc.
No entanto, quando falamos especificamente de negócios familiares, algumas fraquezas são observadas:
Complexidade: pense na natureza de uma família e você entenderá o primeiro ponto da nossa lista. Toda família tem seu grau de complexidade e ao adicionarmos emoções familiares ao negócio há o risco de aumentar os problemas que a empresa familiar precisa lidar.
Falta de disciplina: muitas empresas familiares não prestam atenção suficiente às áreas estratégicas fundamentais, como planejamento de sucessão de CEO e outros cargos de gerenciamento-chave (como CFO e COO). Atraso ou falta de comprometimento em decisões estratégicas pode levar a falhas de negócios.
Informalidade: como a organização é administrada pela família, geralmente não há tanto interesse no estabelecimento de práticas e controles orçamentários, financeiros e comerciais bem definidos. Isso pode ser um problema no futuro, pois conforme a empresa cresce, corre-se o risco de aumentar a ineficiência e os conflitos internos.
O plano de sucessão familiar pode ser complicado pelas relações afetivas envolvidas, mas deve ser prioridade para modelos de negócio desse tipo. Nesse caso, algumas perguntas devem ser respondidas:
Quem vai possuir e administrar o negócio?
Quem irá administrar é da família ou será um profissional contratado para a função?
Se a administração for para um membro da família, essa pessoa possui todas as competências necessárias?
Como a propriedade e a administração serão transferidas para novos proprietários?
A empresa será vendida?
É possível (e há interesse em) criar uma holding? Nesse caso, a holding pode ser criada pelo fundador de um grupo para manter a maioria das ações com direito ao voto, permitindo a continuidade da empresa diante de herdeiros ansiosos por se beneficiar da morte do fundador. Sendo assim, a holding atua como um poder estabilizador. Para entender melhor como funciona uma holding, sugerimos o artigo O que é e por que criar uma Holding Empresarial?.
A ideia é que essas perguntas sejam um direcionamento para que a transição de propriedade ocorra de maneira suave e a gestão da empresa seja comandada pela pessoa mais preparada para o cargo. Por exemplo, o plano de sucessão deve abordar para quem será transferido o gerenciamento da empresa. Imagine que o atual dono do negócio possua três filhos, ele pode optar por passar a gestão do negócio para um dos filhos e a propriedade para os três, em partes iguais, ou ainda, contratar um CEO experiente e passar a propriedade para os filhos.
Dentre os objetivos de plano de sucessão familiar, estão:
Assegurar a sustentabilidade da empresa perante colaboradores, stakeholders e mercado;
Garantir a transparência do processo (Governança Corporativa);
Profissionalizar a linha sucessória e demais lideranças;
Traçar metas de curto, médio e longo prazos.
Fonte: https://www.treasy.com.br/blog/sucessao-familia